sábado, 26 de janeiro de 2008

Por dentro da lei

Verdades e Mentiras

Há algum tempo atrás, artesãos do ramo de alimentos começaram a sofrer sansões por não haver qualquer norma que regulamentasse esse mercado de trabalho, até que após muita luta, foi elaborada pelo Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, a Portaria 5/2005, que reconhecendo o trabalho do artesão de produtos alimentícios, seja como pessoa física ou jurídica, além de estipular regras para o exercício da profissão.
A partir de então, os artesãos fabricantes de produtos alimentícios puderam trabalhar livremente, utilizando as diretrizes da mencionada Portaria. Todavia, o mesmo ainda não ocorre com os fabricantes de sabonetes artesanais.
Quando falei sobre o que é artesanato, mencionei que não existe regulamentação específica sobre o assunto e, por isso, deveríamos usar o bom senso e a lógica para aplicar as normas vigentes ao trabalho feito por vocês.
E qual o motivo para não haver regulamentação? Quando da elaboração da Lei que classificou os produtos de higiene e cosméticos, os similares artesanais não tinham destaque, ficando apenas a cargo da indústria a fabricação desses produtos.
Anos depois, a fabricação dos sabonetes artesanais começou a tomar vulto, foram criadas novas técnicas e hoje existem centenas de pessoas trabalhando com esse tipo de artesanato, sem, contudo, existir qualquer lei que sirva de embasamento.
Diante desse vazio, sugeri a aplicação da analogia das normas vigentes da indústria no trabalho artesanal, seja com relação à vigilância, ou grau de risco, além de informações sobre embalagens e etiquetas, a fim de que vocês possam fazer do cosmético artesanal uma profissão legalizada e ganhar dinheiro com esse trabalho.
Acontece que a falta de normas sobre o assunto gera informações desencontradas, informações estas que até foram objeto de burburinhos no mural do Peter no final do ano passado e acho que vale a pena ser discutidas.
O centro desses comentários é justamente a Vigilância Sanitária. Quando comecei a estudar esse assunto, percebi que muitos técnicos não sabiam como se comportar diante dos sabonetes artesanais. Tanto isso é verdade que, conversando com um responsável pelo setor de produtos de higiene e cosméticos do CVS/SP (Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo), obtive a informação que esses produtos não sofrem fiscalização.
Entretanto, esta não é uma verdade absoluta. Existem CVSs que não concordam com isso e entendem que por não ter especificação na Lei, somente podem ser produzidos sabonetes de forma industrial.
Por outro lado, existem Centros de Vigilância Sanitárias que concordam com o meu entendimento, ou seja, vocês fabricam sabonete artesanalmente, sem o auxílio de máquinas e, portanto, não estão sujeitos às normas da Vigilância.
Além do entendimento não ser uniforme, existe ainda, a incoerência do referido órgão, que aprova matéria-prima (glicerina, essências e etc.) para ser utilizada em fabricação de sabonetes artesanais, mas discute a legalidade desse tipo de artesanato.
Daí toda confusão e também o alicerce para início da nossa luta pela regulamentação definitiva a nível Brasil, da profissão do fabricante de sabonete artesanal.
Precisamos que não haja mais dúvidas a esse respeito, que o artesanato de sabonetes e cosméticos seja reconhecido, a fim de que vocês possam trabalhar com tranqüilidade, dentro das normas legais.
Como fazer isso, então? Acredito que é preciso criar uma associação nacional de fabricantes de sabonetes artesanais, para que, unidos, possamos atingir o objetivo da regulamentação.
Foi através de uma associação que os fabricantes de alimentos artesanais conseguiram regulamentar esse trabalho perante a Vigilância, isto porque, em conjunto, se tem maior força para brigar com as autoridades.
Vamos, então, brigar pelo reconhecimento do artesão, seja como pessoa física ou jurídica, pelo produto artesanal (higiene e cosméticos) e pela comercialização dos produtos em lojas, feiras, etc.
E se a associação dos fabricantes de alimentos artesanais conseguiu atingir seus objetivos, por que também não podemos atingir os nossos? Até porque, a chance de intoxicação por ingestão de alimento é muito maior do que por utilização de sabonetes artesanais.
Assim, acabaremos definitivamente com informações desencontradas, bem como com os comentários de pessoas que apenas criticam, sem apresentar soluções.
E esse é o meu trabalho: ajudar no crescimento de vocês, que acreditam em uma idéia e buscam a realização profissional e financeira!
Continuem trabalhando!
Fernanda Sendra
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Um comentário:

Unknown disse...

Oi Fernanda Sendra, conheci um grupo que esta sendo formado justamente para unir artesãos em volta deste assunto: como ser legalizado perante órgãos governamentais?
Chama-se Núcleo de Saboaria e Cosmética Artesanal e Natural – NUSCAN.
Achei através do Facebook.
Elas desejam unir forças com mais pessoas.
Como podemos fazer contato com você para conversar?
Obrigada,
Andréa

Quem sou eu

São Paulo, São Paulo, Brazil
Bióloga de formação e Mestre em Ciências (USP).Especialização em Cosmetologia.